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Foto do escritorJornal Mantiqueira

“É preciso cuidado ao deixar de usar máscara contra a covid”, alerta pesquisador


Poços de Caldas, MG – As máscaras, que antes da vacinação, eram uma das poucas proteções eficazes contra a covid-19, estão pouco a pouco tendo o uso liberado, principalmente em ambientes abertos. Porém, não é consenso entre especialistas e estudiosos esta flexibilização do equipamento facial. A reportagem conversou com o professor Dr. Sinézio Inácio da Silva Junior, pesquisador que atua na Universidade Federal de Alfenas (Unifal), e um dos responsáveis pelos boletins informativos sobre a covid-19. Ele diz que deixar de usar máscaras é uma importante questão, trazendo dúvida e inquietação nas pessoas neste momento de controle da pandemia. “Nós temos que ter alguns cuidados, é fato que a cobertura vacinal aumentou muito, mas também é verdade que a maioria das crianças ainda não tem a primeira dose tomada. E para as crianças abaixo de 5 anos, que concentram a maior parte das mortes pela doença, 70%, nem vacina está previsto”, adverte ele. O pesquisador ainda lembra que os casos de covid vêm diminuindo, mas o número de casos ainda existentes hoje em dia está 7 a 10 vezes maior do que aquele antes da escalada da variante ômicron. “No sul de Minas, por exemplo, nós temos em torno de 700 novos casos por dia. Antes da escalada da ômicron, no fim de dezembro de 2021, contabilizávamos menos de 100. Hoje é mais provável a gente encontrar alguém que seja um caso de covid-19 do que no final de dezembro. E estamos falando da variante ômicron, que escapa melhor das defesas imunológicas provocadas pela vacina e das infecções que as pessoas pegaram de outras variantes. Ela é muito mais transmissível, a gente brinca dizendo: ‘pegamos ela no ventinho’. Portanto, nós estamos de fato avançando com a vacinação, os casos estão caindo, mas ainda seria mais prudente não afrouxarmos no uso das máscaras porque, pelo menos, deveríamos estar voltando ao patamar que era no fim de dezembro. E não estamos ainda nesta situação”, diz Silva Junior. Quando a gente fala de não usar a máscara ao ar livre, o que significa? “Você tá atravessando uma praça sozinho com a família, aí você chega em uma calçada, é ao ar livre, mas as pessoas estão aglomeradas, podem parar, conversar. Cria-se dificuldade também quando a pessoa vai entrar numa loja, por exemplo, num comércio, e ela esquece ou não põe a máscara porque não saiu com ela. Começa a criar um certo constrangimento entre as pessoas e os comerciantes. Enfim, isso pode ajudar a criar um efeito cascata”, fala o professor. Ele reitera que em ambiente livre, aberto, sem aglomeração, pode ser muito seguro não usar máscara. “Mas, você vai, através de um ambiente aberto, se aproximar de pessoas, de aglomerações? Então, que cada um tenha muita consciência porque a pandemia, sempre lembrando, é um problema coletivo e só coletivamente ela vai ser resolvida. Não é desejo individual, mas é um comprometimento coletivo de cada um”, descreve o pesquisador. Ah, mas a gente vai ficar usando máscara para sempre? “Não, esta pandemia vai se transformar, mas não por decreto, em uma endemia, uma doença que vai ter casos ao longo de todo o ano. Só que o número de casos atualmente ainda é muito grande, então temos que ter esse cuidado. Especialmente, as pessoas que têm doença crônica, pessoas que têm crianças muito pequenas em casa, idosos muito idosos ou pessoas que fazem tratamento para alguma doença autoimune ou, em casos mais raros, terem feito transplante. Aí o cuidado precisa ser redobrado”, alerta. O pesquisador ainda pondera que estamos em ano político. “Alguns políticos querem agradar a população, fazendo ela ouvir o que quer ouvir: ‘não precisa usar mais máscaras’. Só que o vírus não está preocupado com o nosso ano político e o nosso interesse pessoal. Ele está circulando”, pontua ele.

Delma Maiochi delmaiochi@hotmail.com

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