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Foto do escritorJornal Mantiqueira

“A covid-19 é uma doença coletiva”, diz pesquisador


Delma Maiochi maiochidelma@gmail.com

Poços de Caldas, MG – No último dia 14, a prefeitura foi notificada oficialmente pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) que na cidade foi encontrada, em uma amostra, um caso confirmado da variante Delta do novo coronavírus. O Mantiqueira procurou o professor e pesquisador Dr. Sinézio Inácio da Silva Junior, que atua na Unifal, para esclarecimentos sobre este assunto. Ele diz que o surgimento da Delta levantou questionamentos importantes e dúvidas e afirma que a covid-19 não é uma doença individual, mas sim coletiva, e as pessoas precisam combater a doença com empatia e respeito pelo outro, através do uso correto dos equipamentos de proteção e adesão às vacinas.

Mantiqueira – A variante delta é mais transmissível? Professor Sinézio – Sim, ela é mais transmissível, chegando a ser duas vezes mais transmissível que a Gama, já tinha se aprimorado para ser mais contagiosa.

Mantiqueira – A variante delta é mais letal ou causa doença mais grave? Professor Sinézio – Sim, a letalidade diz respeito ao número de mortos que acontece entre os doentes e como esta variante consegue produzir uma maior quantidade de casos graves entre as infectadas ela vai conseguir, entre aqueles casos, provocar mais mortes, por isso ela pode ser mais letal. Isso talvez não vá ter um grande impacto, porque nós já temos uma população vacinada e essa vacinação vem crescendo. Mas é importante frisar, não é que a Delta provoque sintomas em casos mais graves que são muito diferentes do que os que já foram provocados, por exemplo, para variante anterior, Gama ou outras, é que ela produz com mais frequência casos mais graves e o extremo de um caso grave é o óbito.

Mantiqueira – As vacinas que temos hoje são efetivas contra a variante Delta? Professor Sinézio – Sim, elas são efetivas contra a Delta, embora nós tenhamos que ter a consciência de que esta variante, como toda variante que se surge ao longo do tempo, ela se aprimora em ser mais transmissível e mais resistente às defesas criadas por pessoas que já ficaram doentes ou por pessoas que foram vacinadas. Já tem estudos que mostram que as vacinas continuam tendo uma grande proteção mesmo contra a variante Delta, mas não tão grande quanto à proteção oferecida em relação às variantes anteriores por que as vacinas foram produzidas e desenvolvidas a partir das primeiras variantes do vírus.

Mantiqueira – A presença de apenas uma amostra da variante Delta em Poços já acende algum alerta? Professor Sinézio – Sem dúvida, porque isso é como se a gente estivesse vendo a ponta do iceberg. Por princípio de precaução, nós temos que encarar assim o surgimento oficial de um caso de variante Delta. Mas temos que aceitar que nós já temos uma circulação maior, isso sempre acontece, do que aquela detectada pelos testes, que, infelizmente no nosso país, não só em Minas ou Poços de Caldas, nós temos tendo uma oportunidade muito pequena de fazer. Então, sem dúvida nenhuma, a identificação oficial da variante Delta em qualquer local é um alerta. Por exemplo, Belo Horizonte já tem 56% dos casos testados tidos como provocados pela Delta.

Mantiqueira – O que a cidade pode fazer para prevenir mais contaminações com a Delta? Professor Sinézio – A Delta é uma variante do SarsCov-2, o novo coronavírus, que causa a covid-19, então a prevenção é contra a doença covid-19. Ela é transmitida pelo ar, sai e entra pelas vias aéreas respiratórias das pessoas. Então, nós temos que continuar com as medidas chamadas não farmacológicas, ou seja, além do uso da vacina. Precisamos impedir a circulação pelo ar dessa variante usando máscara corretamente, mesmo em ambientes abertos, observando se ela cobre boca e nariz e até os cantinhos do lado do rosto. Essa variante tem mais facilidade de ser transmitida de uma pessoa para outra, ela precisa de menos vírus para chegar ao organismo da pessoa e provocar infecção. Ficarmos muito atentos aos casos que surgem, fazermos um rastreamento de contato de todos os casos, para isolar os suspeitos para quebrar a cadeia de transmissão. E continuar higienizando as mãos, embora a gente saiba que fundamentalmente a transmissão é pelo ar. Além de tudo isso, precisamos de outra atividade para o combate à doença, que é ter sempre empatia, respeito pelo outro. A covid-19 não é uma doença individual, embora cause sofrimento em cada indivíduo, ela é coletiva, senão não seria chamada de epidemia. E só coletivamente nós vamos conseguir vencê-la.

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